Recentemente, surgiu um fenómeno extremamente raro nos mercados globais: enquanto a Reserva Federal dos EUA se prepara para flexibilizar a política monetária e cortar as taxas de juro, o Banco do Japão optou, de forma histórica, por aumentar as taxas e apertar a política. Isto não é apenas uma divergência normal de políticas – toda a estrutura subjacente da liquidez global está a sofrer uma reconfiguração dramática.
Primeiro, falemos daquele “jogo de arbitragem” que durou vinte anos — no passado, as instituições pediam ienes praticamente a custo zero e investiam em massa em ações dos EUA e criptomoedas, esses ativos de alto rendimento. Agora, o guião mudou completamente: o aumento das taxas no Japão encarece o custo do empréstimo, enquanto o corte das taxas nos EUA comprime as margens de arbitragem. O resultado é que a liquidação em massa já começou. O Bitcoin caiu mais de 20% este mês, e as ações tecnológicas também estão a perder fortemente — e isto é só a primeira vaga de choque.
O mais preocupante é o efeito dominó. O capital está agora a fugir em ambas as direções: parte regressa ao Japão para pagar dívidas, outra parte flui para o dólar como refúgio seguro. O baht tailandês e o dong vietnamita afundaram, e o mercado acionista vietnamita caiu mais de 5% numa só semana. As economias do Sudeste Asiático, que têm grandes dívidas em ienes, estão sob enorme pressão — a valorização do iene faz disparar o valor das dívidas em moeda local, e o risco de incumprimento é muito real.
O mercado apresenta agora uma situação de rutura. Os rendimentos da dívida pública japonesa dispararam para máximos não vistos desde a crise financeira de 2008, e as obrigações públicas globais estão a ser vendidas em cadeia. No mercado acionista japonês, as empresas exportadoras veem os lucros engolidos pela valorização do iene, e o índice está sob pressão. Nos EUA, as expectativas de cortes de juros ainda dão algum apoio, mas a pressão das liquidações de arbitragem é forte, e a luta entre touros e ursos está intensa.
Há ainda uma bomba-relógio escondida: a dívida pública do Japão já equivale a 260% do PIB. Com o aumento das taxas, o peso dos juros vai crescer rapidamente — isto poderá esmagar as finanças públicas japonesas? Muitos perguntam se isto não será o prenúncio de um novo “momento Lehman”.
Olhando para a frente, a alta volatilidade pode tornar-se o novo normal. Os bancos centrais estão todos focados nos seus próprios problemas, mas os mercados globais estão interligados. Esta ronda de movimentos opostos pode desencadear o colapso de algum mercado emergente altamente endividado, ou uma crise de liquidez na dívida pública japonesa que se espalhe globalmente, com as liquidações de arbitragem a continuar a pressionar os ativos de risco.
Neste ambiente, aqui ficam algumas sugestões: primeiro, reduzir a alavancagem — posições muito alavancadas podem ser facilmente eliminadas numa fase de alta volatilidade. Segundo, manter liquidez, guardando algum dinheiro para aproveitar oportunidades de pânico e venda forçada. Terceiro, considerar estratégias de cobertura, como uma combinação de stablecoins em dólares e tokens de obrigações para proteção. E quarto, acompanhar de perto os dados on-chain — os fluxos de stablecoins e as entradas líquidas em exchanges podem revelar os movimentos reais do capital.
Em resumo, o impacto desta operação ainda está a fermentar, e a reação do mercado pode superar todas as expectativas.
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TrustlessMaximalist
· 12-09 01:34
A valorização do iene foi mesmo de outro nível, vinte anos de arbitragem acabaram assim de repente.
Quando o BTC caiu 20%, vendi logo com prejuízo, agora estou arrependido até à morte.
Acho que os países do Sudeste Asiático vão mesmo passar um mau bocado desta vez, a dívida em ienes vai explodir de repente.
O conselho de reduzir a alavancagem é mesmo fundamental, tenho de reduzir a minha exposição rapidamente.
A dívida pública japonesa é 260% do PIB, só de ouvir esse número já assusta.
O fluxo das stablecoins realmente revela algumas pistas, tenho de acompanhar mais os dados on-chain.
A vaga de liquidações ainda continua? Parece que está longe de acabar.
Espera lá, será que isto é mesmo o prelúdio do próximo momento Lehman?
É preciso manter liquidez suficiente, não se pode perder oportunidades em momentos de pânico.
As ações americanas ainda se aguentam, mas estas liquidações forçadas para fechar posições são violentíssimas.
As empresas exportadoras japonesas foram completamente dizimadas pela valorização do iene, custa ver.
Desta vez, os bancos centrais globais estão todos a tentar salvar-se a si próprios, é mesmo cada um por si.
Se a crise de liquidez se propagar a nível global, acabou, é preciso ter cuidado com os ativos de risco.
A diversificação e hedge têm mesmo de ser considerados, estar só comprado é demasiado arriscado.
O rendimento das obrigações do Estado atingiu o valor mais alto desde 2008, este sinal é preocupante.
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ProposalManiac
· 12-08 15:49
Esta subida das taxas de juro por parte do Japão apanhou mesmo os arbitradores de surpresa. Regras de jogo com vinte anos mudam de um momento para o outro, isto sim é um verdadeiro risco institucional.
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WhaleWatcher
· 12-08 15:49
Porra, esta jogada do Japão foi mesmo inacreditável, um jogo de arbitragem de vinte anos desfeito de um dia para o outro.
Será que o BTC vai levar outra pancada? Não admira que estes dias estejam a ser tão difíceis.
Se o iene valorizar, é o fim, os manos do sudeste asiático ficam com a dívida duplicada, isto está mesmo assustador.
Em vez de esperar por um qualquer portefólio de cobertura, mais vale liquidar tudo já, esta volatilidade ninguém aguenta.
Agarra bem nos dólares, o resto é tudo ilusão, nesta altura a liquidez é o mais importante.
Os dados on-chain estão a gritar, as stablecoins estão a sair a uma velocidade brutal, o mercado entrou em pânico.
Dívida a 260%, só de ouvir esse número até custa a acreditar, será que o Japão está a suicidar-se?
Quem anda a reduzir alavancagem deve estar sem dormir estes dias, até eu estou sem palavras.
Estados Unidos vs Japão, os bancos centrais entraram em guerra, o mercado global vai atrás, não há nada a fazer.
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NFTBlackHole
· 12-08 15:45
Esta jogada do Japão baralhou completamente o arbitragem global, uma queda de 20% no Bitcoin é só o aperitivo.
Agarra-te aos dólares e está feito, agora não se pode confiar em nenhum ativo.
O Sudeste Asiático vai explodir? Não é grande surpresa, a valorização do iene foi um corte bem agressivo.
Dívida pública a 260% do PIB, as finanças do Japão realmente não vão aguentar...
Desalavancar faz todo o sentido, quem ainda joga com alavancagem alta está só à espera de ser liquidado.
O fluxo das stablecoins on-chain já mostra para onde vai o capital, este é o sinal mais honesto.
Será que desta vez vai ser pior do que em 2008? Ena, parece que a liquidez global vai ser totalmente reorganizada.
A Fed e o Banco do Japão em direções opostas, quem se lixa somos sempre nós, os pequenos investidores.
A onda de liquidações ainda não acabou, a nova normalidade é mesmo a alta volatilidade.
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SatoshiChallenger
· 12-08 15:38
Ironicamente, o jogo de arbitragem de 20 anos entrou em colapso, mas ainda há quem grite para comprar no fundo, e os dados mostram que as liquidações alavancadas já aumentaram 47%.
Não é que eu esteja a exagerar, mas esta questão da taxa de dívida pública do Japão ser 260% do PIB, ninguém aprendeu nada com a crise de 2008.
Interessante, mais um génio a achar que consegue acertar com precisão o timing do mercado [sorriso cínico].
Objetivamente, esta vaga de falências no Sudeste Asiático está apenas a começar, não se deixem enganar pelo rebote de curto prazo.
A onda de liquidações ainda está a acelerar e há quem ande a estudar como usar stablecoins como refúgio — acordem, pessoal.
Esta operação parece mesmo uma repetição da história, só que desta vez mudaram os protagonistas.
Aconselho toda a gente a analisar primeiro a cadeia de transmissão dos efeitos em reação em cadeia antes de entrar, senão vão ter prejuízos enormes.
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FreeMinter
· 12-08 15:33
O iene valorizou-se de forma mesmo agressiva desta vez, uma data de posições alavancadas foram logo liquidadas, até dói só de ver.
O jogo de arbitragem está prestes a acabar, estes vinte anos de sonho americano devem ter acordado de vez.
No Sudeste Asiático aquilo deve dar problemas, a dívida em ienes que contraíram disparou de repente, quem é que aguenta?
O Bitcoin caiu tanto, a vaga de liquidações ainda continua, é melhor ter cuidado.
Dívida pública japonesa a 260% do PIB, será que conseguem aguentar depois da subida das taxas de juro? Parece que estão a brincar com o fogo.
Se esta operação inversa desencadear incumprimentos nos mercados emergentes, o mundo inteiro vai sofrer as consequências.
Reduzir alavancagem e manter liquidez, nesta altura não há outra opção.
O dólar norte-americano está mesmo a ser procurado para proteção nestes tempos, até o movimento nas stablecoins mostra isso.
O mercado neste momento é um barril de pólvora, a volatilidade só agora começou.
Alta volatilidade vai ser o novo normal? Então tenho de ajustar já as posições, isto está demasiado perigoso.
Recentemente, surgiu um fenómeno extremamente raro nos mercados globais: enquanto a Reserva Federal dos EUA se prepara para flexibilizar a política monetária e cortar as taxas de juro, o Banco do Japão optou, de forma histórica, por aumentar as taxas e apertar a política. Isto não é apenas uma divergência normal de políticas – toda a estrutura subjacente da liquidez global está a sofrer uma reconfiguração dramática.
Primeiro, falemos daquele “jogo de arbitragem” que durou vinte anos — no passado, as instituições pediam ienes praticamente a custo zero e investiam em massa em ações dos EUA e criptomoedas, esses ativos de alto rendimento. Agora, o guião mudou completamente: o aumento das taxas no Japão encarece o custo do empréstimo, enquanto o corte das taxas nos EUA comprime as margens de arbitragem. O resultado é que a liquidação em massa já começou. O Bitcoin caiu mais de 20% este mês, e as ações tecnológicas também estão a perder fortemente — e isto é só a primeira vaga de choque.
O mais preocupante é o efeito dominó. O capital está agora a fugir em ambas as direções: parte regressa ao Japão para pagar dívidas, outra parte flui para o dólar como refúgio seguro. O baht tailandês e o dong vietnamita afundaram, e o mercado acionista vietnamita caiu mais de 5% numa só semana. As economias do Sudeste Asiático, que têm grandes dívidas em ienes, estão sob enorme pressão — a valorização do iene faz disparar o valor das dívidas em moeda local, e o risco de incumprimento é muito real.
O mercado apresenta agora uma situação de rutura. Os rendimentos da dívida pública japonesa dispararam para máximos não vistos desde a crise financeira de 2008, e as obrigações públicas globais estão a ser vendidas em cadeia. No mercado acionista japonês, as empresas exportadoras veem os lucros engolidos pela valorização do iene, e o índice está sob pressão. Nos EUA, as expectativas de cortes de juros ainda dão algum apoio, mas a pressão das liquidações de arbitragem é forte, e a luta entre touros e ursos está intensa.
Há ainda uma bomba-relógio escondida: a dívida pública do Japão já equivale a 260% do PIB. Com o aumento das taxas, o peso dos juros vai crescer rapidamente — isto poderá esmagar as finanças públicas japonesas? Muitos perguntam se isto não será o prenúncio de um novo “momento Lehman”.
Olhando para a frente, a alta volatilidade pode tornar-se o novo normal. Os bancos centrais estão todos focados nos seus próprios problemas, mas os mercados globais estão interligados. Esta ronda de movimentos opostos pode desencadear o colapso de algum mercado emergente altamente endividado, ou uma crise de liquidez na dívida pública japonesa que se espalhe globalmente, com as liquidações de arbitragem a continuar a pressionar os ativos de risco.
Neste ambiente, aqui ficam algumas sugestões: primeiro, reduzir a alavancagem — posições muito alavancadas podem ser facilmente eliminadas numa fase de alta volatilidade. Segundo, manter liquidez, guardando algum dinheiro para aproveitar oportunidades de pânico e venda forçada. Terceiro, considerar estratégias de cobertura, como uma combinação de stablecoins em dólares e tokens de obrigações para proteção. E quarto, acompanhar de perto os dados on-chain — os fluxos de stablecoins e as entradas líquidas em exchanges podem revelar os movimentos reais do capital.
Em resumo, o impacto desta operação ainda está a fermentar, e a reação do mercado pode superar todas as expectativas.